“””The award-winning author Ana Rüsche launches Carga Viva, her new novel. In addition to marking the 40th anniversary of Tancredo Neves’ election, mentioned in the book, Carga Viva is part of the releases celebrating the 50th anniversary of publisher Rocco. The first in-person launch event in Brasília takes place on April 25th, Friday, at 7 PM, at Livraria Circulares.

The novel Carga Viva weaves together two narrative threads connected by a book of poetry. The first, set in 1985, tells a love story between two men isolated in Ubatuba (SP). One of them, a lawyer and poet, is living his final days after contracting HIV, while Brazil is going through the indirect presidential election of Tancredo Neves (1910–1985), elected by the Electoral College but never sworn in due to his death.

The second thread takes place in present-day São Paulo, where two estranged sisters must live together due to an abusive husband and a pregnancy. The story unfolds amid the worsening climate crisis and the lingering presence of the Covid-19 virus. The link between the two timelines is a book of poetry written by the poet in 1985, later studied by one of the sisters.

The plot has a realistic tone but incorporates uncanny elements, characteristic of Ana Rüsche’s work, which often explores themes such as sustainability and the climate crisis. In Carga Viva, the uncanny element is “prata viva” (“living silver”), a substance that, when ingested, causes hallucinations, boosts the immune system, and alters dreams. This allows the poet a few extra days of life and, in the present, is consumed by one of the sisters, sparking prejudiced reactions.

The story also features a German friend, owner of the beach house where the 1985 couple stays. After being fired, he comes down to the coast to spend a season consuming prata viva and discovering poetry for the first time. This intersection between the uncanny and the foreign introduces narrative suspense, reshaping familiar storylines and expanding the imagination toward alternate endings.

The book will be launched in person in cities like Brasília, São Paulo, and Rio de Janeiro throughout 2025.

 

Aesthetic References

The novel is grounded in significant political events, such as Tancredo Neves’ death in 1985, the Diretas Já movement (1983–1984), and the Bolsonaro motorcycle rallies, which began in 2021. This approach echoes contemporary literature by authors who revisit historical events, like Maria Valéria Rezende, Mariana Enriquez, and Maryse Condé.

For the construction of the queer love story, key references include works by Alberto Guzik, Caio Fernando Abreu, and João Silvério Trevisan, along with historical research by Renan Quinalha and essays by Eduardo Jardim and Susan Sontag on literary representations of HIV/AIDS.

 

Synopsis

A book of poetry links two stories: one of a dying poet with HIV in 1985, and one of his reader, a pregnant teacher trapped in a violent relationship. From the early days of Brazil’s redemocratization to the climate crisis, this novel blends fantastic elements to weave two narratives that reflect the country’s present.

 

 

Excerpt from the Novel

” Before the sandflies could bite him, during that deadly late afternoon hour, the typing stopped. Cacá appeared, smiled without his glasses, and sat on the edge of the seat:

— I want a cigarette.

The afternoon was falling behind the hills, and the vibrant forest insects rose with the heat of early evening. The two had already rehearsed a line about this:

— If you want, I’ll give you a sip of cachaça.

Cacá, following the daily script, nodded yes.

Dr. Rossi may know many things.

But the dead are the ones who know death.

According to the doctors, Carlos Alberto wouldn’t see Christmas or New Year’s. Well, at the turn of the year, they wore white. No jumping waves, just sleeping wrapped in each other’s arms. Cacá survived by small punches, smiling, smiling. Firing off his poems with every “good morning.” And asking for a little cachaça as the afternoon fell. Until the tide of time came to lick life with its own force. “

 

Ana Rüsche (São Paulo, 1979)
Finalist for the Jabuti Prize with A telepatia são os outros (Monomito, 2019), winner of the Odisseia de Literatura Fantástica Award. The book was published in Italy by FutureFiction as Telempatia (2023), launching at the Turin Book Fair. At the time of release, Estadão listed it among “ten essential books” of July 2019. More recently, science columnist Reinaldo José Lopes (Folha de S.Paulo) highlighted the book’s hypothesis and research.

Ana debuted in 2005, publishing poetry, a genre in which she has four titles. Her first was also published in Mexico, and a selection from Furiosa was independently released in the USA. Her poetic prose Do amor: o dia em que Rimbaud decidiu vender armas (Quelônio, 2018) was a finalist for the Nascente USP Prize.

She was one of the guest authors at the latest WorldCon, World Science Fiction Convention in Chengdu, China. Her short stories have been published in South Korea, Colombia, Mexico, Italy, and Brazil. One highlight is “Canção da autora,” published in the anthology O dia escuro: Contos inquietantes de autoras brasileiras, organized by Fabiane Secches and Socorro Acioli (Companhia das Letras, 2024).

She completed her postdoctoral studies in Literary Theory at FFLCH-USP on climate crisis and literature. She is currently pursuing a second doctorate at the University of Brasília (UnB) in ecocriticism. She holds a PhD in Literature from USP with the dissertation Utopia, feminism and resignation in The Left Hand of Darkness (by Ursula Le Guin) and The Handmaid’s Tale (by Margaret Atwood). She has degrees in Literature and Law from USP and a Master’s in International Law. Ana teaches courses at institutions such as SESC’s Research and Training Center, Poiesis, and CLACSO, Latin American Council of Social Sciences. She has contributed reviews and critical essays to Suplemento de Pernambuco, Revista 451, and others.

 

Event Info
Venue: Launch of Carga Viva by Ana Rüsche
When: April 25th (Friday), at 7 PM
Where: Circular bookstore – CLN 113 A – Asa Norte Brasília Location: Livraria Circulares
Price: Free
Rating: Free 

 

 

 

Português

 

 

A premiada escritora Ana Rüsche lança Carga Viva

 

 

A premiada escritora Ana Rüsche lança Carga Viva, seu novo romance. Além de marcar os 40 anos da eleição de Tancredo Neves, citado no livro, Carga Viva faz parte dos lançamentos que comemoram os 50 anos de atividades da editora Rocco. O primeiro lançamento presencial em Brasília acontece no dia 25 de abril, sexta-feira, às 19h, na Livraria Circulares.

O romance Carga Viva entrelaça dois núcleos narrativos conectados por um livro de poesias. O primeiro, ambientado em 1985, apresenta uma história de amor entre dois homens isolados em Ubatuba (SP). Um deles, advogado e poeta, vive seus últimos dias após contrair HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), enquanto o Brasil atravessa o período da eleição indireta de Tancredo Neves (1910-1985), presidente eleito pelo Colégio Eleitoral, mas não empossado devido à sua morte.

O segundo núcleo se passa nos dias atuais, em São Paulo, onde duas irmãs afastadas precisam viver juntas por conta de um marido agressor e de uma gravidez. A narrativa ocorre em meio ao agravamento da crise climática e ao fantasma do vírus da Covid-19. O elo entre esses dois núcleos é um livro de poesia escrito pelo poeta em 1985 e estudado no futuro por uma das irmãs.

A trama tem um tratamento realista, mas incorpora elementos insólitos, característicos da obra de Ana Rüsche, que discute em sua literatura e textos não ficcionais temas como sustentabilidade e crise climática. Em Carga Viva, o elemento insólito é o “prata viva”, substância que, quando ingerida, provoca alucinações, fortalece o sistema imunológico e altera o sonho. Esse elemento permite ao poeta uma sobrevida e, no presente, é consumido por uma das irmãs, despertando reações sociais preconceituosas.

A história se completa com um amigo alemão, dono da casa de praia onde o casal de 1985 se abriga. Ao ser demitido, ele desce a serra para viver uma temporada consumindo o “prata viva” e tendo contato com a poesia pela primeira vez. Essa interseção entre o insólito e o estrangeiro cria um suspense narrativo que altera os rumos das histórias conhecidas, abrindo a imaginação para desfechos alternativos.

O livro terá lançamentos presenciais ao longo de 2025 em cidades como Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.

Referências estéticas

A obra é baseada em eventos políticos expressivos, como a morte de Tancredo Neves em 1985, as Diretas Já, manifestações ocorridas entre 1983 e 1894; e as motociatas bolsonaristas, iniciadas em 2021. Essa abordagem dialoga com a literatura contemporânea de autores, que revisitam acontecimentos históricos, como Maria Valéria Rezende, Mariana Enriquez e Maryse Condé.

 

Na construção da narrativa homoafetiva, referências importantes foram os textos de Alberto Guzik, Caio Fernando Abreu e João Silvério Trevisan, além da pesquisa histórica de Renan Quinalha e dos ensaios de Eduardo Jardim e Susan Sontag sobre a representação literária sobre HIV/AIDS.

 

Sinopse

Um livro de poesia une duas histórias: a de um poeta com HIV à beira da morte em 1985 e a de sua leitora, uma professora grávida de um namorado violento. Do início da redemocratização à crise climática, um livro com elementos fantásticos une duas histórias para narrar o Brasil atual.

 

 

Trecho da obra

“Antes que os borrachudos o atacassem, no horário fatídico de fim de tarde, o barulho de digitação cessou. Cacá apareceu, sorriu sem óculos e sentou-se na pontinha:

— Queria um cigarro.

A tarde despencava nos morros e os insetos vibrantes da mata subiam com o calor do começo da noite. Os dois já tinham uma linha ensaiada sobre o assunto:

— Se quiser, te dou um trago de cachaça.

Cacá, obedecendo ao roteiro diário, acenou que sim.

O doutor Rossi pode saber de muitas coisas.

Mas da morte sabem os que morrem.

Na previsão médica, Carlos Alberto não veria o Natal ou Ano-Novo. Pois bem, na virada do ano, vestiram branco. Não pularam ondinhas, só dormiram abraçados. Cacá sobrevivia aos soquinhos, sorrindo, sorrindo. Metralhando seus poemas nos bons dias. E pedindo uma cachacinha no cair da tarde. Até a maré do tempo vir lamber a vida com força própria.”

 

Ana Rüsche (São Paulo, 1979)

Finalista do Jabuti com A telepatia são os outros (Monomito, 2019), livro vencedor do prêmio Odisseia de Literatura Fantástica. O livro foi publicado na Itália pela FutureFiction com o título Telempatia (2023), com lançamento no Salão do Livro de Turim. À época da publicação, mesmo com a Flip, o Estadão incluiu o livro como um dos “dez livros essenciais” em julho de 2019. Recentemente, um colunista da Folha da área de ciência, Reinaldo José Lopes, sublinhou a hipótese e a pesquisa feita na obra.

Estreou em 2005, publicando poesia, gênero no qual possui quatro títulos. O primeiro foi também publicado no México e uma seleção do Furiosa, publicada nos EUA de forma independente. A prosa poética Do amor: o dia em que Rimbaud decidiu vender armas (Quelônio, 2018) foi finalista do Prêmio Nascente USP.

 

Foi uma das escritoras convidadas da última WorldCon — World Science Fiction Convention, em Chengdu, China. Possui contos publicados na Coreia do Sul, Colômbia, México, Itália e no Brasil, destacando-se “Canção da autora”, publicado na antologia O dia escuro: Contos inquietantes de autoras brasileiras, organizado por Fabiane Secches e Socorro Acioli (Companhia das Letras, 2024).

 

Concluiu o Pós-Doutorado em Teoria Literária da FFLCH-USP sobre crise climática e literatura. Realiza o segundo Doutorado na UnB — Universidade de Brasília, na área de ecocrítica . É doutora em Letras pela USP com a tese “Utopia, feminismo e resignação em The left Hand of Darkness (de Ursula Le Guin) e The Handmaid’s Tale (de Margaret Atwood)”. É formada em Letras e também em Direito pela USP, sendo mestre em Direito Internacional. Ministra cursos para diferentes instituições, como o Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, a Poiesis e CLACSO — Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. Colaborou com o Suplemento de Pernambuco e com a Revista 451 com resenhas e artigos de crítica, entre outros veículos.

 

Serviço
Lançamento Carga Viva – Ana Rüsche

Data: 25 de abril, sexta-feira, às 19h
Local: Livraria Circulares – Comércio Local Norte 113, BL A, loja 7, Brasília – DF, 70763-510 – Asa Norte